A compaixão não é um estado que criamos para realizar boas obras para beneficiar alguém. É parte de nossa natureza e, quando nos conectamos com ela, acabamos nos enriquecendo e nos beneficiando no mínimo tanto quanto a pessoa que é objeto de nossa simpatia e preocupação.
Quando estamos genuinamente engajados em um processo de trabalhar com os outros, também estamos trabalhando com nós mesmos. Assim, todo e qualquer tempo que gastamos em um processo desse tipo não é um desperdício, mesmo do ponto de vista da liberdade individual. Há um ditado budista que diz ‘ajudar os outros é a forma suprema de ajudar a si próprio’. Exatamente no momento em que estamos tentando aconselhar outra pessoa, dando o melhor de nós, realmente tentando ajudar, oferecendo o nosso melhor discernimento sobre os problemas dela, é nesse momento em que podemos ter uma súbita realização quanto a um problema de nós mesmos.
Geralmente, é durante os nossos esforços de ajudar os outros em suas confusões que vivenciamos alguma liberação de nossa própria confusão. Esse potencial para beneficio mútuo está sempre presente. Por essa razão, não devemos sustentar a visão de que somos inteligentes e de que a pobre pessoa confusa na nossa frente não sabe de nada. Ao mesmo tempo, não devemos esperar qualquer resultado ou recompensa. Em resumo, compaixão genuína é algo livre de manobras.
Dzogchen Ponlop Rinpoche